sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Da espera


Esperar que voltes é tão inútil como o
sorriso escancarado dos mortos na
necrologia dos jornais

e no entanto de cada vez que
a noite se rasga em barulhos no elevador e
um telefone se debruça de um sexto andar

sinto que ficou ainda uma palavra minha
esquecida na tua boca

e que vais voltar
para
a
devolver

Alice Vieira, in Os Armários da Noite

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